Você sabia que algumas pessoas sentem necessidade e, até mesmo, urgência evacuatória após uma refeição.
1. Educação do Paciente
- Explicar que o reflexo gastrocólico é fisiológico e pode ser mais intenso em algumas pessoas, especialmente pela manhã.
- Reforçar que não há sinais de doença orgânica ou inflamatória.
- Tranquilizar quanto à ausência de sinais de alarme (sangue, dor, muco, febre, perda de peso).
- Discutir sempre com seu médico para afastar causas orgânicas ou erros alimentares.
2. Orientações Dietéticas
Objetivo: Modular o reflexo gastrocólico e reduzir urgência evacuatória.
- Fracionamento alimentar: evitar grandes volumes em jejum; iniciar o dia com refeições leves.
- Café da manhã com fibras solúveis: aveia, banana, chia — ajudam a formar fezes mais consistentes.
- Evitar alimentos com efeito laxativo matinal: café forte, mamão, ameixa, sucos cítricos em jejum.
- Manter hidratação adequada: 1,5–2L/dia, mas evitar excesso de líquidos nas refeições.
- Reduzir gorduras e açúcares simples: podem acelerar o trânsito intestinal.
- Avaliar tolerância à lactose: mesmo sem alergia, pode haver hipersensibilidade funcional.
3. Reeducação Intestinal
Objetivo: Reduzir urgência e melhorar controle evacuatório.
- Treinamento evacuatório: tentar evacuar em horários regulares, após refeições, com tempo adequado.
- Técnicas de biofeedback ou relaxamento pélvico (se houver urgência intensa ou incontinência leve).
- Atividade física leve e regular: caminhada, yoga — melhora motilidade e reduz ansiedade.
4. Condutas Farmacológicas (se necessário)
Somente se medidas comportamentais forem insuficientes.
- Antiespasmódicos leves: brometo de pinavério ou escopolamina, antes do café da manhã.
- Moduladores de motilidade: loperamida em dose mínima, apenas em casos com prejuízo social.
- Probióticos específicos: Bifidobacterium infantis ou Lactobacillus plantarum — podem ajudar na regulação do trânsito.
5. Acompanhamento
- Reavaliação clínica em 4–6 semanas.
- Monitorar evolução dos sintomas e impacto na qualidade de vida.
- Avaliar necessidade de encaminhamento para gastroenterologista ou coloproctologista se surgirem novos sintomas.
Referências
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- Camilleri M. Gastrointestinal motility disorders. Clin Gastroenterol Hepatol. 2021;19(9):1839–1850.
- Quigley EM. Prebiotics and probiotics in digestive health. Clin Gastroenterol Hepatol. 2019;17(2):193–200.