Rastreamento e Seguimento dos Pólipos Colorretais: Diretrizes Internacionais
1. Introdução
Os pólipos colorretais são lesões precursoras do câncer colorretal (CCR), terceira causa mais comum de morte por câncer no mundo ocidental. O rastreamento e seguimento adequado dessas lesões é essencial para reduzir a incidência e mortalidade do CCR. As diretrizes internacionais recomendam estratégias baseadas no tipo histológico, tamanho, número de pólipos e fatores de risco individuais.
2. Rastreamento Inicial do Câncer Colorretal
A. População de Risco Médio
- Início aos 45 anos, segundo ACG e USPSTF.
- Métodos recomendados:
- Colonoscopia a cada 10 anos (padrão-ouro).
- Teste imunoquímico fecal (FIT) anual.
- Colonografia por TC a cada 5 anos.
- Sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos (ou 10 anos se combinada com FIT).
- Teste de DNA fecal combinado com FIT a cada 3 anos.
B. População de Alto Risco
- Parente de primeiro grau com CCR antes dos 60 anos: colonoscopia a cada 5 anos, iniciando aos 40 anos ou 10 anos antes da idade do diagnóstico do familiar.
- Síndromes genéticas (ex.: Lynch, Polipose Adenomatosa Familiar): protocolos específicos com início precoce e intervalos curtos.
3. Classificação dos Pólipos e Implicações no Seguimento
Tipo de Pólipo | Características | Risco de Progressão | Intervalo de Seguimento |
Hiperplásico (<10 mm, reto) | Não neoplásico | Baixo | 10 anos |
Adenoma tubular (<10 mm, único) | Neoplásico, baixo grau | Moderado | 5 a 10 anos |
Adenoma viloso ou >10 mm | Neoplásico, alto grau | Alto | 3 anos |
Adenoma serrilhado sessil | Potencial maligno variável | Alto | 3 a 5 anos |
≥3 adenomas ou ≥10 mm | Alto risco | Alto | 3 anos |
Fonte: ESGE, ACG, UFRGS
4. Diretrizes Europeias (ESGE)
- Colonoscopia de rastreamento recomendada entre 50–74 anos.
- Pólipos não neoplásicos não requerem seguimento.
- Adenomas avançados: seguimento em 3 anos.
- ESGE enfatiza qualidade da colonoscopia (tempo de retirada, preparo intestinal) como fator crítico para eficácia.
5. Diretrizes Americanas (ACG, USPSTF)
- FIT anual como alternativa eficaz à colonoscopia.
- Colonoscopia preferida em pacientes com múltiplos fatores de risco.
- Rastreamento pode ser estendido até os 85 anos, dependendo da saúde geral e histórico de exames.
6. Conclusão
O rastreamento e seguimento dos pólipos colorretais deve ser individualizado, considerando tipo histológico, número de lesões, idade e histórico familiar. A adesão às diretrizes internacionais permite uma abordagem segura, eficaz e custo-benefício para prevenção do câncer colorretal.
Referências
- TelessaúdeRS-UFRGS. Telecondutas: Pólipos Colorretais. Porto Alegre: UFRGS; 2022.
- Villano A, Nguyen M. Rastreamento de câncer colorretal. MSD Manual Profissional. Fox Chase Cancer Center; 2023.
- Assis RVBF. Rastreamento e vigilância do câncer colorretal: guidelines mundiais. GED Gastroenterol Endosc Dig. 2011;30(2):62–74.