Inteligência Artificial na Saúde Digestiva: Cuidados no Uso por Pacientes

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Com o avanço da tecnologia, pacientes têm cada vez mais acesso a ferramentas de inteligência artificial para interpretar sintomas, sugerir diagnósticos e até recomendar tratamentos. Aplicativos, chatbots e plataformas online prometem respostas rápidas e personalizadas. No entanto, o uso direto da IA pelo paciente exige cautela, especialmente em áreas complexas como gastroenterologia e coloproctologia.

1. IA não substitui consulta médica

Ferramentas de IA podem ajudar a entender sintomas como dor abdominal, alterações nas fezes ou refluxo, mas não devem ser usadas como substitutas da avaliação médica presencial. A interpretação de sinais clínicos exige exame físico, histórico detalhado e, muitas vezes, exames complementares.

Mito comum: “Se a IA diz que é gastrite, posso começar o tratamento.”

Realidade: A IA pode sugerir possibilidades, mas não confirma diagnóstico. O uso indevido pode atrasar o tratamento correto.


2. Riscos de autodiagnóstico e automedicação

Algoritmos podem gerar falsos positivos ou negativos, levando o paciente a ignorar sintomas graves ou iniciar tratamentos inadequados. Isso é especialmente perigoso em doenças como:

  • Doença inflamatória intestinal (DII)
  • Câncer colorretal
  • Síndrome do intestino irritável (SII)

Além disso, a automedicação guiada por IA pode causar efeitos adversos, como uso indevido de laxantes, antiácidos ou antibióticos.


3. Privacidade e proteção de dados

Ao inserir sintomas ou dados clínicos em plataformas de IA, o paciente pode estar compartilhando informações sensíveis. É essencial verificar:

  • Se há criptografia e anonimização
  • Se os dados são armazenados com segurança
  • Se há transparência sobre o uso dos dados

A legislação brasileira (LGPD) exige que o paciente tenha controle sobre seus dados, mas nem todas as plataformas cumprem essas normas.


 4. Escolha de fontes confiáveis

Nem toda IA disponível ao público é validada por sociedades médicas. O paciente deve buscar ferramentas:

  • Aprovadas por instituições como ASGE, SBAD, SBPC, ou FDA
  • Com base em estudos clínicos revisados por pares
  • Que ofereçam transparência sobre limitações e escopo

Evite apps que prometem “diagnóstico instantâneo” ou “cura natural garantida”.


 5. Uso responsável e complementar

A IA pode ser útil para:

  • Educação em saúde digestiva
  • Monitoramento de sintomas
  • Preparação para consultas médicas
  • Acompanhamento de hábitos alimentares e evacuatórios

Mas sempre como complemento, nunca como substituto da relação médico-paciente.


 Dicas Práticas

SituaçãoO que fazer
Dor abdominal persistenteProcure um médico, não confie apenas na IA
Aplicativo sugeriu “gastrite”Use como hipótese, mas confirme com exame
IA recomendou dietaVerifique com nutricionista ou gastroenterologista
Plataforma pede CPF e dados clínicosLeia a política de privacidade antes de aceitar

Fontes Médicas Confiáveis

  1. ASGE Standards of Practice Committee. Role of artificial intelligence in gastrointestinal endoscopy. Gastrointest Endosc. 2020;92(4):817–827.
  2. Jacobi GK, Delgado JS. Desafios regulatórios e riscos éticos associados ao uso da inteligência artificial na saúde. Rev Jurídica da Presidência. 2025;27(142).
  3. Soares FR. IA e consentimento do paciente: desafios e limites. Migalhas de Responsabilidade Civil. 2025 Aug 12.
  4. Crespo G. 7 mitos e verdades sobre o uso da inteligência artificial na saúde. Exame Bússola. 2025 Sep 2.

 Referências

  1. Crespo G. 7 mitos e verdades sobre o uso da inteligência artificial na saúde em 2025. Exame Bússola. 2025 Sep 2.
  2. Jacobi GK, Delgado JS. Desafios regulatórios e riscos éticos associados ao uso da inteligência artificial na saúde. Rev Jurídica da Presidência. 2025;27(142). doi:10.20499/2236-3645.RJP2025v27e142-3202
  3. Soares FR. IA e consentimento do paciente: desafios e limites. Migalhas de Responsabilidade Civil. 2025 Aug 12.

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Dr. Oswaldo W. Marques Jr.

Cirurgia do Aparelho Digestivo – Proctologista

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