Introdução
Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Na gastroenterologia, seu uso tem sido amplamente estudado em diversas condições clínicas, com destaque para doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, diarreia associada a antibióticos e infecção por Clostridioides difficile. Entretanto, apesar da grande propaganda em relação à eles as evidências científicas robustas ainda são limitadas em sua utilização na prática clínica.
Probióticos com Evidência Científica Relevante
Diversas cepas probióticas têm sido avaliadas em estudos clínicos randomizados. Abaixo, correlacionamos algumas delas com patologias específicas:
1. Diarreia associada a antibióticos (DAA)
- Cepas eficazes: Lactobacillus rhamnosus GG, Saccharomyces boulardii
- Evidência: Redução significativa na incidência de DAA em adultos e crianças.
2. Infecção por Clostridioides difficile
- Cepas eficazes: Saccharomyces boulardii, Lactobacillus casei DN-114001
- Evidência: Prevenção de recorrência da infecção em pacientes tratados com antibióticos.
3. Doença inflamatória intestinal (DII)
- Colite ulcerativa: Escherichia coli Nissle 1917 mostrou eficácia comparável à mesalazina na manutenção da remissão.
- Doença de Crohn: Evidência limitada; alguns estudos com Saccharomyces boulardii sugerem benefício modesto.
4. Síndrome do intestino irritável (SII)
- Cepas eficazes: Bifidobacterium infantis 35624, Lactobacillus plantarum 299v
- Evidência: Melhora de sintomas como dor abdominal, distensão e alteração do hábito intestinal.
Mecanismos de Ação
Os probióticos atuam por meio de:
- Modulação da microbiota intestinal
- Fortalecimento da barreira epitelial
- Regulação da resposta imunológica
- Produção de substâncias antimicrobianas
Efeitos Colaterais e Riscos do Uso Indiscriminado
Apesar dos benefícios, o uso indiscriminado de probióticos pode acarretar efeitos adversos, especialmente em pacientes imunocomprometidos ou com barreira intestinal comprometida:
- Sintomas gastrointestinais leves: gases, distensão abdominal, desconforto.
- Infecções oportunistas: casos raros de fungemia por Saccharomyces boulardii e bacteremia por Lactobacillus spp. foram relatados em pacientes críticos.
- Desbalanço da microbiota: uso prolongado sem indicação pode alterar o equilíbrio microbiano intestinal.
Considerações Finais
O uso de probióticos em gastroenterologia deve ser baseado em evidências científicas robustas e orientado por profissionais de saúde. A escolha da cepa, dose e duração do tratamento são fatores críticos para a eficácia terapêutica e segurança do paciente.
Referências
- World Gastroenterology Organisation. Diretrizes Mundiais: Probióticos e Prebióticos. Fevereiro de 2023. Disponível em: World Gastroenterology Guideline
- Morais SR, Santana MS. Efeitos do uso de probióticos em pacientes com doenças inflamatórias intestinais. Acta Port Nutr. 2023;35:18. doi:10.21011/apn.2023.3504
- Nutritotal. Será que probióticos têm efeitos colaterais? Publicado em 28 de novembro de 2022. Disponível em: Nutritotal – Efeitos colaterais dos probióticos